quinta-feira, agosto 31, 2006

não bebo, não fumo, não cheiro, não minto, só ligo o som meio alto...

...e ainda assim o mundo me enche o saco












(do patético "Caderno Equilíbrio" da Folha de São Paulo, 31/8/06, reportagem "Chega de Barulho"):
" Exposição constante a sons altos, música inclusive, aumenta produção de endorfina e pode levar à dependência...
... A endorfina é analgésica, suprime a dor, suprime a punição que a pessoa sofre, e isso é condicionante de comportamento. Quanto à noradrenalina, ela é prazerosa, o que leva a pessoa a repetir esse tipo de comportamento. Esses mediadores químicos provocam uma ativação cerebral e combatem a depressão nervosa...."
Conclusão natural do parágrafo acima: "vá ouvir música alta", certo?
Não! Não para o Caderno Equilíbrio, porque aparentemente a liberação de substâncias prazerosas no corpo parece ser muito perigosa. Como explica um psiquiatra mais adiante, "tudo que é prazeroso pode levar ao vício." Ah, bom.
Ou seja, agora que meter o pau no tabaco e no álcool já nem tem mais graça, resolveram que a gente tem que ter muito cuidado com música alta. E não porque ela deixe surdo, ou algo assim, mas porque... ela causa prazer. Puta que o pariu, que medo.
(sinceramente, só me resta lamentar por um mundo que envereda pra esse lado. E mandar esses ridículos psiquiatras equilibrados irem comer biscoito de arroz integral com fluoxetina e deixarem os seres humanos em paz. Ou então que irem tomar uns porres e vomitar no meio-fio, sei lá. Faria um bem danado pra eles)
(e, bom, já que música alta não pode, talvez eu tente a cocaína)

quase um haicai (i)


Bahia, aquela puta
deu pra Todos os Santos
e hoje vive das pensões

terça-feira, agosto 29, 2006

roam seus ridículos negativos de 35 mm


Da Folha, sobre o festival de curtas de São Paulo
"... o curta, justamente por sua duração, se adapta bem para exibição em espaços que há alguns anos eram estranhos ao cinema: a internet e os telefones celulares. E a mostra dialoga com tais mídias: serão exibidos 18 trabalhos do Fluxus, festival de cinema na internet, e também o filme brasileiro "Tapa na Pantera", visto mais de 1 milhão de vezes no http://www.youtube.com/..."

Com licença? 1 milhão de pessoas? Desculpem, mas isso não é tipo, a segunda ou terceira bilheteria do cinema nacional esse ano?
(bom, checando no youtube o número ali presente é 590.087. E crescendo. Ainda assim, puta que o pariu)

Algumas considerações:
a) o pior é que, pelo menos pra quem tá de cara, o filme nem tem muita graça.
b) mas a questão não é essa.
c) A pergunta que não quer calar é "o que raios a gente ainda tá fazendo em festival de cinema?"
d) Tipo, o curta-metragem mais bem sucedido na história do cinema brasileiro não deve ter tido essa audiência toda em anos. Quanto mais em semanas.
e) Em todo caso, é mais ou menos o mesmo fenômeno que faz com que editar um livro fuleiro com uma tiragem de uns mil exemplares (dos quais quinhentos vão pro teus amigos e quinhentos vão encalhar) seja pra quem escreve o passo posterior a botar um blog no ar que vai estar disponível instantaneamente pra uns dois bilhões de pessoas (cerca de dois milhões de vezes mais)
f) o que no fim das contas deve ser só reserva de mercado. No momento em que qualquer adolescente espinhento pode montar um blog ou filmar alguma merda numa câmera digital e montar em casa, quem se diz "escritor", "cineasta", essas coisas pomposas, tem que se defender de algum jeito. E aí, como bons capitalistas, se apela como sempre pro grande fator de exclusão e estratificação universal
g) o dinheiro, óbvio.
h) e subitamente se declara que cineasta é quem filma em 35 mm, escritor é quem tem editora, fotógrafo é quem tem sabe-se lá que câmera, e assim por diante.
i) e assim se mantém os adolescentes longe do campinho.
j) vá lá, um pouco disso também é porque a gente ainda não aprendeu a se fazer ouvido nesse mar lamacento de informação. Ou não parou pra estudar uma estratégia.
k) mas puta que o pariu, que a gente tem que reformular urgentemente algumas idéias, ah tem.
l) porque a mentira que arte é uma coisa cara de fazer simplesmente não tem como perdurar por tanto tempo assim. Graças a deus, aliás.

domingo, agosto 20, 2006

o mundo ruge lá fora


e a gente atrás de portas fechadas discute koffs de enzimas e medidas do baço. Quando diabos a gente aprendeu a tapar os olhos pro mistério?

sábado, agosto 12, 2006

desculpa por coisas eventualmente óbvias como o post abaixo

a historinha abaixo é óbvia, mas bem ou mal é um troço que começou a fazer um puta sentido de um temo pra cá. Provavelmente porque o óbvio nem sempre é uma concepção instintiva. Entender um troço racionalmente, às vezes, é um tanto diferente de se dar conta de algo, de fato. Tipo quando a minha turma da faculdade passou no estágio de Ginecologia e um amigo meu comentou, meio perplexo, algo como "cara, tu já fez toque vaginal no estágio? É igual a meter o dedo numa buceta". Na hora eu fiz a minha cara de "óbvio, por definição um toque vaginal é mais ou menos isso". Mas naquele dia mesmo eu me dei conta que se dar conta de fato disso era diferente. Aliás, a figura que disse isso ganhou algumas estrelinhas de admiração naquele dia por ter dito aquilo. A maioria das pessoas raramente tá aberta a se dar conta das coisas. Ainda mais do que é óbvio.

sabedoria zen feita em casa (com forno a lenha)

o homem que anda pela estrada nunca a enxerga inteira. mas o homem que enxerga a estrada de cima da montanha nunca a enxerga de fato.