sexta-feira, novembro 28, 2008

ainda sobre música pop

deus fez o mundo em três acordes maiores (e seus relativos menores, posto que de bonzinho não tinha nada). Qualquer coisa a mais do que isso é invenção da soberba humana.

sonhos despedaçados pelos sistemas de vigilância eletrônica (xix): dormir no caixa eletrônico numa noite de verão

será que eu sou a única pessoa sem ar condicionado em casa que daria tudo pra poder acampar num caixa eletrônico de banco, daqueles com ar condicionado atômico? Porra, é só chegar o verão que cada vez que eu passo no Banco Real da minha quadra eu me pego fantasiando a respeito de exercer os meus direitos de correntista, passar com um colchão pela porta giratória e me acomodar num cantinho ali dentro. E aí logo depois eu penso na resposta imediata de seguranças carregando fuzis e metralhadoras que isso ia desencadear, e vou pra casa cabisbaixo suar mais um pouco. Maldito grande irmão.

quinta-feira, novembro 27, 2008

urgência, papapás

estava eu no show da mallu magalhães no gig rock há uns dez dias atrás quando uma amiga minha do meu lado largou um “impressionante, não?”. Eu meio que estranhei, afinal as pessoas costumam descrever shows com palavras tipo “legal”, “a fudê”, “do caralho” ou algo assim. Não foi senão uns dias depois que eu descobri que aquilo no palco não era uma guria de vinte e poucos tentando aparentar um certo charme infantil (afinal, mulheres cantando com voz de criança viraram um troço cool e fashion de uns tempos pra cá), senão uma criança de verdade.

sim, eu sou meio lento e vivo em marte. Anyway, aí eu entendi o comentário.

uma semana e vários tchubarubas e papapapapás depois, ainda não sei se concordo.

na real me parece que o que soa tão charmant nessa guria tem qualquer coisa a ver com uma certa confiança de se saber o centro do mundo enquanto tá no palco. Mesmo na época em que ela cantava pra câmera no youtube. Ter presença em música é um pouco uma questão de se fazer imbuir de uma verdade, de ter algo urgente pra dizer. Mesmo quando não se tem. E sair dizendo de um jeito de quem não tá nem aí se aquilo faz sentido ou não. Tipo o Caetano jovem gritando que o Gil fundiu a cuca de vocês por debaixo das vaias. Ou o Stephen Malkmus cantando sobre a data de validade de nozes brasileiras. Ou até a Panquis tocando covers toscos no violão, mesmo que só eu e mais meia dúzia tenham visto essa última.

e talvez fazer música no fundo seja mesmo conseguir cantar um refrão que diz “papapapapá” com uma voz meio desafinada, e que se foda o resto. E claro, alguns sabem fazer isso com graça particular, como é o caso dessa pirralha.

isso dito, no entanto, confesso que nem me parece tão impressionante assim. Pelo contrário, acho que quando se tem dezesseis anos e todo o charme do mundo, soar genial é simplesmente natural. Difícil é conseguir fazer isso depois que a vida te botou no devido lugar. O que deve ter algo a ver com o fato de que mesmo os gênios incontestáveis acabem declinando com a idade, pelo menos na música. Se botar no próprio lugar pode ser uma virtude humana, mas no palco inegavelmente fode com tudo.

o que me leva a concluir é que impressionante de verdade é o Neil Young, que depois de sessenta e tantos anos, toneladas de drogas pesadas, depressões infindáveis, dois filhos deficientes de casamentos diferentes, um aneurisma cerebral, vários cabelos perdidos e uns cinqüenta discos gravados, ainda parece imbuído da mesma verdade. E da capacidade de te fazer sentir instantaneamente que a angústia dele é a mesma que a tua quando abre a boca e pega a guitarra, mesmo que todas as músicas tenham três acordes e letras toscas de dar dó. Um cara que uma vez escreveu que é melhor queimar do que enferrujar, e segue queimando continuamente por três décadas desde então (ao contrário de um certo imitador supervalorizado que não agüentou o tranco e citou esse verso numa nota de suicídio).

isso sim é impressionante. A mallu é simplesmente o óbvio.

mas ser o óbvio às vezes é um puta mérito. Que siga soando assim pelo tempo que der.

segunda-feira, novembro 24, 2008

novas formas de solidão no mundo moderno (xix): puxar papo no soulseek

deixando o desktop ligado por dias a fio, volta e meia agora me deparo com mensagens esquecidas de usuários do soulseek perguntando "ei, cara, posso baixar sua música?". Tipo assim, desde quando alguém pede permissão pra essas coisas? Se ela tá ali compartilhada poderia ser por algum motivo que não fosse esse?
enfim, só pra dizer que deve haver um bocado de gente mais solitária do que eu pelo mundo afora.

terça-feira, novembro 18, 2008

se algum dia eu abrir uma empresa

eu quero pra minha assessoria de marketing o cara que fez a campanha publicitária da proteína de soja. Sério, é incrível como em algum momento alguém tenha tido sucesso em convencer a opinião pública de que um troço repugnante e obviamente industrializado desses pode ser não só saudável como até saborosos. Nem vem ao caso se é verdade ou não, a pergunta é simplesmente a seguinte: num mundo livre de marketing e discursos sobre o que é saudável, alguém no universo comeria esse troço aí do lado?

segunda-feira, novembro 17, 2008

novas formas de solidão no mundo moderno (xviii): melancolia do ipod de 80 GB

literalmente todos os dias eu ouço alguma coisa no meu iPod que me parece do caralho. Que me dá vontade de gritar pro mundo "cara, olha só que do caralho". E aí logo depois me pego fantasiando com cenas imaginadas em que eu mostro isso pra alguém, boto o som pra tocar numa festa, ou até toco um cover num estádio lotado, ou faço qualquer coisa que me permitisse compartilhar o sentimento de estar achando aquilo do caralho de alguma maneira.
E aí me lembro que
(a) minha banda só se apresenta uma vez por ano pra meia dúzia de pessoas, e por pura preguiça acaba voltando pros mesmos sons de sempre, até por causa das nossas limitações óbvias.
(b) eu não sou dj, festa lá em casa só uma vez a cada dois meses, e pra alguém se animar a ir pra pista tu sempre tem que acabar tocando os mesmos infectos hits pop dos anos oitenta.
(c) pouquíssima gente à minha volta parece realmente interessada em música, e quando eu encontrar esses poucos já vou ter esquecido do qeu eu queria mostrar, até porque provavelmente já não vai fazer sentido mesmo.
e então me resta tentar escrever algo pra tentar partilhar algo com o mundo, mas simplesmente não tem a mesma graça: letrinhas são sempre medíocres perto das suas amigas notas.
ou então deixar o soulseek ligado, e acreditar que alguém em algum canto do universo vá baixar aquilo e ser feliz. O que é um pouco como postar isso aqui.
no fim das contas é sempre questão de fé.

sábado, novembro 15, 2008

oh but i was so much older then

passei as 24 horas de sexta-feira sem checar o meu e-mail. Suponho que isso deva ser um bom sinal. Algo deve estar ficando mais saudável na minha vida.
mas em todo caso é estranho. Até um tempo bem curto atrás checar e-mail era um processo essencialmente prazeroso. Eu me lembro que não faz nem uma década que eu caminhava quilômetros e perdia horas em cidades estrangeiras atrás de uma lanhouse de graça. E que aquilo às vezes era tão ou mais importante do que o mundo lá fora.
talvez porque eu ainda achasse que ainda tinha assunto com alguém naquela época. Ou porque era um tempo onde o tal correio eletrônico de fato servia pras pessoas se corresponderem. Com todas as vantagens da comunicação escrita: o tempo de escolher as palavras, a oportunidade de poder falar por oito parágrafos sem ser interrompido, etc.
aí veio o trabalho. Os yahoogrupos. As notificações automáticas de periódicos científicos. O spam. Os arquivos de powerpoint. E a infernal scrapização da comunicação da internet, que de uma hora pra outra deixou de ser correspondência pra ser mensagem de texto. E checar a caixa de e-mail virou um suplício pra ser aturado todos os dias.
e ainda que o volume de correspondência tenha decuplicado de lá pra cá, a impressão é cada vez mais a de que não tem nada mais sendo dito. OK, eu costumo colocar a culpa nas pessoas por não ter nada pra dizer. Mas acho que talvez os meios disponíveis pra dizê-lo algo hão de ter alguma coisa a ver com isso também.
ainda que provavelmente o maior problema seja só a idade mesmo, que me faz escrever um post rabugento desses à uma da manhã. Aliás, nostalgia dos tempos áureos da internet é o cúmulo da falta de charme: novo demais pras cartas escritas, velho demais pro msn. Como sempre, andamos no limbo. Que aliás me cai muito bem.

quarta-feira, novembro 12, 2008

mais autopromoção gratuita (fxviii)

eu já tinha avisado por e-mail, e suponho que a maior parte das pessoas que acessam esse blog regularmente deva estar no meu mailing list. Mas enfim, se você por acaso veio aqui atrás de frases que digam quem você é pra botar no perfil do orkut:
(a) eu não sei quem você é.
(b) e mesmo que soubesse, não ia estar espalhando isso na internet.
(b) por outro lado, estarei participando de um tal Encontro de Jovens Escritores na Feira do Livro, o que é quase tão legal quanto uma frase pra botar no orkut. Vai rolar nesse sábado, dia 15 de novembro às 19h num lugar chamado Ducha das Letras na área infantil da Feira (a parte que fica no Cais do Porto).
(c) comigo vão estar o Carlos Augusto Brum, o Antônio Xerxenesky, o Rafael Jacobsen, a Carol Teixeira e a Larissa Martins, com mediação do Juremir Machado da Silva. Mais informações aqui.
(d) se você já foi num evento similar no ano passado, ou acha que debates literários geralmente são um saco (eu tenderia a concordar), eu prometo tentar me comportar pior do que a minha timidez normalmente me permite. Mas só tentar.
(e) se ainda assim eu não conseguir causar polêmica, pelo menos vale um passeio na beira do rio. Bem na hora do pôr-do-sol.

ainda sobre quem sou eu

não sei exatamente se estavam falando de mim, mas adorei o "pessoa tranqüila, agradável e desonesta".

terça-feira, novembro 11, 2008

pictures of me

qual é o verdadeiro?













(segundo a minha identidade de leão)
















(segundo o kzuka)















(segundo o open source cinema)


















(segundo o Leandro Dóro)













(segundo a Vanessa)

domingo, novembro 09, 2008

versatilidade sem limites

eu mesmo, agora também pesquisador em nanociências. Seja lá o que quiser dizer, parece chique.

segunda-feira, novembro 03, 2008

é sábado






















o quê
: Um debate sobre literatura e outras mídias (cinema, música, quadrinhos and the like) seguido de um sarau literário-musical-bêbado-caótico. Eu participo dos dois, em tese.
aonde: no porão do beco (independência, 936)
quando: esse sábado, dia 8, das 20h em diante.
por que o meu nome aparece em itálico no flyer: não faço a mais vaga idéia. Mas em termos de fontes especiais, sou muito mais o negrito

é hoje

dá-lhe.