sábado, dezembro 18, 2010
porto alegre, fim de uma década
A cidade me recebe com o silêncio do sétimo andar, em paz e sem conflagração. As tardes são quentes e inóspitas, propícias pra filmes de hollywood no ar-condicionado do shopping. O trânsito parece menor do que deveria ser. Uma brisa agradável sopra no fim do dia, e eu tenho dinheiro pra pagar as contas. Tenho a casa dos meus pais pra mim no fim-de-semana, quilos de lasanha na geladeira e ninguém pra convidar pra dormir comigo. Mas ainda consigo juntar um monte de gente em uma mesa de bar que termine cedo. Os dias são longos e o sol se põe com uma claridade branda e sem dramas. E até os mendigos parecem mais tranquilos do que eram na semana passada. Esquisitamente, estou em casa e me vem à cabeça o disco de exílio do Caetano, aquele que falava em grama verde, olhos azuis e céus cinzas. Diz uma lenda urbana que isso fez John Lennon chorar. Parafraseando esse último, tudo o que posso dizer é war is over. E o sonho também.
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