segunda-feira, julho 07, 2008

razões pelas quais a volta é a maior das viagens

andar no meio dos restos e olhar o lado de fora das coisas que se costumava ver de dentro. Descobrir aos poucos que o lado de dentro persiste impregnado de sentido, mas invariavelmente feito em pedaços, uma sugestão de um cheiro familiar, um meio sorriso, uma inflexão de voz, o jeito que a neblina dá lugar ao sol. Viajar com ares de turista por lugares familiares, caminhar pela terra semidevastada e deixar a luz entrar pelas rachaduras, pra ver se em algum lugar surge alguma sombra nova. Trocar a rigidez da geografia real pelo fluxo da geografias internas, países pelas linhas da mão, continentes por oceanos de lembranças. Ver o mundo em cacos e não ter pressa em preencher o espaço. E construí-lo de novo devagar, sem a pretensão de fazê-lo a partir de tábua rasa como o pintor abstrato, nem a partir de um modelo qualquer como o retratista. Mas sim como o mosaicista, fazendo uma colagem dos pedaços que restam dos sentidos antigos, dos que explodiram e dos que permanecem, dos pedaços da cidade nova e dos da que se foi, pra criar algo novo a partir das mesmas peças de sempre. Que no fundo é o que a gente sempre faz, porque afinal de contas é a única opção que o mundo nos dá. Apenas algumas dentre as muitas razões pra que as voltas costumem ser viagens muito maiores do que as viagens em si. Espero que continuem sendo.

3 comentários:

Anônimo disse...

eu também!

Anônimo disse...

Remember: Winners don't use drugs.

Anônimo disse...

e mais eu também.
Welcome back!