esses dias voltei de carro do Fundão, ao invés de encarar o tradicional sacolejo do quatro oito cinco lotado. Era um fim de tarde, a gente ia com o ar condicionado ligado e música clássica tocando alto no som. E pela primeira vez depois de mais de um mês de Rio eu consegui reparar na poesia da Linha Vermelha. A solidão dos vendedores de água pisando o asfalto. O insólito parquinho de diversões iluminado na beira da estrada, ao lado do campo de futebol da favela. A solidão do castelinho da Fiocruz ao fundo. E a imensidão de casas de tijolo empilhadas a perder de vista, com o dia caindo e as luzes começando a se acender. Sério, por um momento pareceu lindo. E aí eu acordei do transe quando o carro empacou no engarrafamento.
do outro lado do vidro fechado, qualquer coisa vira poesia. Difícil é achar graça quando se está no palco, ao invés de na cadeira estofada da platéia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário