no fim da tarde de sábado em Porto Alegre peguei um táxi até o Gasômetro pra ver os amigos cartolas tocarem no aniversário da cidade. Às vezes me pergunto por que ainda faço isso, posto que já devo ter visto os caras tocarem umas dez ou quinze vezes pelo menos. A resposta simples (que eu já tinha antes de ir) é que eu sempre saio do show um pouco mais feliz do que entrei. O que já devia bastar. Mas dessa vez o mundo fez questão de me dar a resposta complicada também. Porque no gramado tosco da beira do Guaíba, no meio de adolescentes de preto saídos de algum subúrbio obviamente não abastado da grande POA, que pulam feito uns maníacos como se fosse show dos Stones, eu me dou conta que de todos os meus amigos artistas, esses caras são os únicos que verdadeiramente conseguiram cruzar a barreira que realmente importa. A de falarem e serem entendidos com toda a sinceridade por gente realmente diferente deles. O que eu (assim como todos os escritores que eu conheço, e como praticamente toda a academia brasileira de letras, a bem da verdade) falho miseravelmente em fazer, por estar restrito ao mundinho literário tamanho cabeça de alfinete do país. E isso tudo me daria uma puta inveja, se não me deixasse muito feliz. E nem é por ser amigo da banda. Mas muito mais porque, ali pulando junto na beira do palco, no fundo eu consigo compactuar nesse processo. E, mesmo estando do lado dos fãs, sentir que juntos, todos nós, a gente tá fazendo alguma coisa que preste.
incidentalmente, os caras acabam de lançar um disco chamado “Quase Certeza Absoluta”. Aparentemente tá nas melhores lojas de discos, pelo menos em Porto Alegre (pra quem tem menos de vinte anos, “loja de discos” é um lugar em que a gente costumava ir de vez em quando há muito tempo atrás). Pros que moram longe, dá pra comprar aqui. Ou então esperar que não demore pra cair no soulseek. Ave.
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