domingo, maio 30, 2010

novas roupas coloridas

como dizia a minha mãe, e também aquela outra menina que chamava o mensageiro da caridade pra levar as minhas coisas embora no meio da tarde, eu sempre tive uma puta dificuldade pra esvaziar o meu armário. Por outro lado, ao contrário do que dizia o belchior, o passado é uma roupa que continua quase sempre me servindo. Ainda que eventualmente eu tenha que me apertar um pouquinho dentro dela. E somando todos os figurinos que vão se acumulando pelo caminho, eu sinto quase como se pudesse acordar de manhã e escolher a idade com a qual eu quero viver o dia. E também como se todo fim de noite eu chegasse em casa e me despisse dela, e deitando no colchão inflável assumisse a idade que levo colada no corpo, que a essa altura nem eu mesmo sei direito qual é.

3 comentários:

Bípede Falante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bípede Falante disse...

Well, como está a cantar o Belchior, aquilo que você não sente nem vê deve ser uma grande mudança que está para acontecer ou que já aconteceu. Se as suas roupas coloridas e o adesivo que reveste o seu corpo não importam mais quando anoitece, é porque o seu corpo deve estar ficando pequeno para a sua cabeça. No final das contas, acabamos todos, ou quase todos, uns cabeçudos em um bom e um mal sentido :)

Anônimo disse...

31. Por mais que não se queira...