sabe aquela manhã em que você acorda plenamente convicto de que dessa vez você não vai perdoá-la? Que vai fechar a cara por uma semana inteira, talvez um mês, por todo o mal que ela tem te feito nos últimos tempos? E então você abre a porta com a sua melhor cara de mau, pronto pra botar as coisas às claras, dizer que daquele jeito não dá mais. E se depara com ela mais linda do que nunca, toda coberta de hidratantes cheirosos, com um sorriso incontornável transbordando de amor no rosto. E descobre que não existe nenhuma palavra que você possa dizer que não contenha dentro de si todo o perdão do universo.
pois é, hoje foi assim.
essas cidades são todas umas putas.
particularmente por darem o seu amor a tão poucos.
domingo, novembro 28, 2010
segunda-feira, novembro 22, 2010
pessoanices gratuitas (i)
o dia em que decidiram que a coerência era uma virtude e a preguiça era um pecado foi o dia em que a humanidade rompeu relações comigo.
quinta-feira, novembro 11, 2010
coisas pra se pensar em instantes de asfixia (lviii)
nunca levei fé nessa história de tantos por cento de inspiração e tantos por cento de transpiração. Pra mim, escrever foi sempre cem por cento de respiração. Simples assim.
segunda-feira, novembro 01, 2010
da série "o que seria da minha confiança básica no mundo se não fosse hollywood?" (ii/iii)
talvez tudo se faça claro. Se a expectativa de vida do brasileiro é de 73 anos, e eu tenho 31, isso já me põe ali pelo meio do segundo terço. Talvez isso explique tudo que tem dado errado. Todo esse tempo nublado murrinha. Toda a neblina em cima do pântano. Todas as bases rebeldes invadidas por robôs andadores. E até essas fasciculações esquisitas nos músculos do braço. Isso tudo não é o fim, por mais que pareça. Isso é apenas o Império Contra-Ataca.
breve homenagem a um cachorro morto
falar mal de política hoje em dia é como chutar cachorro morto. Dizer que o país tá perdido, que o sistema não tem jeito e que tinha que explodir uma bomba em Brasília parece ser praticamente um senso comum, e é o jeito mais fácil de conseguir a empatia do taxista ou do cara na fila do banco. As estatísticas não mentem...
- Tiririca, “pior que tá não fica”: 1,3 milhões de votos.
- Abstenções no 2º turno: 29,19 milhões.
- Votos nulos: 4,69 milhões (e a apuração não terminou).
- Capitão Nascimento socando o secretário de segurança pública: 6 milhões de espectadores (e nem perto de parar por aí).
nessas horas, ver o país eleger um presidente sem sobressalto, contando os votos em um punhado de horas, com todo mundo assistindo o discurso de posse na TV como se fosse banal não tem preço.
e confesso que ao contrário de quase todo mundo ao meu redor, eu já andava torcendo pra Dilma e pro Serra cada vez que eles apareciam no debate. Mesmo não acreditando de verdade no que nenhum dos dois dizia. Simplesmente porque, em tempos de catarse coletiva em dizer que tá tudo uma merda e não tem como piorar (frequentemente vindo de gente que não tá nem minimamente próximo da merda), ver neguinho indo votar com adesivo no peito, por convicção, sem fanatismo nem ingenuidade, me inspira um certo respeito. Ver gente fazendo campanha ao invés de falando mal do mundo no twitter começou a me inspirar um certo respeito. E ver gente em cima de palanque dando a cara pra bater, ao invés de ser mais um cara sentado na mesa do bar se queixando de que a sociedade tá toda podre, como se a cerveja e o bolinho de bacalhau se materializassem ali por mérito exclusivo dele, no fundo também me inspira respeito. Mesmo que uma parte bastante grande dele não seja nem um pouco merecido.
e até eu, que normalmente não acredito em porra nenhuma, nesses dias tranquilos em que se assiste o discurso de posse na internet enquanto se pede uma pizza no telefone tenho a impressão extremamente pragmática de que alguma coisa não vai tão mal. Chutem os cachorros à vontade, mas aqui não é a Bolívia, nem a Etiópia, nem o Afeganistão. Também não é nenhuma Brastemp. Mas sei lá, se baixar a cabeça e botar pra funcionar, alguma coisa anda. E algum mérito nisso o tal do sistema deve ter. Por mais errado que esteja. E ao olhar o rosto igualmente pragmático e sem carisma que encarna pela primeira vez o posto de representante de tudo isso na TV, a minha maior esperança é que ele também intua isso. A julgar pelos primeiros vinte minutos, pelo menos, ainda dá pra esperar que sim, quem sabe.
enfim, boa sorte.
- Tiririca, “pior que tá não fica”: 1,3 milhões de votos.
- Abstenções no 2º turno: 29,19 milhões.
- Votos nulos: 4,69 milhões (e a apuração não terminou).
- Capitão Nascimento socando o secretário de segurança pública: 6 milhões de espectadores (e nem perto de parar por aí).
nessas horas, ver o país eleger um presidente sem sobressalto, contando os votos em um punhado de horas, com todo mundo assistindo o discurso de posse na TV como se fosse banal não tem preço.
e confesso que ao contrário de quase todo mundo ao meu redor, eu já andava torcendo pra Dilma e pro Serra cada vez que eles apareciam no debate. Mesmo não acreditando de verdade no que nenhum dos dois dizia. Simplesmente porque, em tempos de catarse coletiva em dizer que tá tudo uma merda e não tem como piorar (frequentemente vindo de gente que não tá nem minimamente próximo da merda), ver neguinho indo votar com adesivo no peito, por convicção, sem fanatismo nem ingenuidade, me inspira um certo respeito. Ver gente fazendo campanha ao invés de falando mal do mundo no twitter começou a me inspirar um certo respeito. E ver gente em cima de palanque dando a cara pra bater, ao invés de ser mais um cara sentado na mesa do bar se queixando de que a sociedade tá toda podre, como se a cerveja e o bolinho de bacalhau se materializassem ali por mérito exclusivo dele, no fundo também me inspira respeito. Mesmo que uma parte bastante grande dele não seja nem um pouco merecido.
e até eu, que normalmente não acredito em porra nenhuma, nesses dias tranquilos em que se assiste o discurso de posse na internet enquanto se pede uma pizza no telefone tenho a impressão extremamente pragmática de que alguma coisa não vai tão mal. Chutem os cachorros à vontade, mas aqui não é a Bolívia, nem a Etiópia, nem o Afeganistão. Também não é nenhuma Brastemp. Mas sei lá, se baixar a cabeça e botar pra funcionar, alguma coisa anda. E algum mérito nisso o tal do sistema deve ter. Por mais errado que esteja. E ao olhar o rosto igualmente pragmático e sem carisma que encarna pela primeira vez o posto de representante de tudo isso na TV, a minha maior esperança é que ele também intua isso. A julgar pelos primeiros vinte minutos, pelo menos, ainda dá pra esperar que sim, quem sabe.
enfim, boa sorte.
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