bater de cabeça na parede. Dormir bêbado na frente do portão de casa. Dançar balé clássico na loja de enfeites. Não dar explicações. Trepar com o fracasso até o limite do suportável. Correr sem rumo até que a terra firme acabe. Mergulhar de cabeça no Rio Guaíba. Quebrar a cara, over and over again. Primeiro com os outros batendo. Depois comigo mesmo, até o braço não aguentar mais. E só então concluir que chega. Acreditar em sonhos e pressentimentos imbecis. Ejacular contra a porta. Dar tiro nos pés dos homens e roubar as bolsas das mulheres. Enfiar o ouvido na caixa de som atrás do trítono. Perder a expectativa do dó maior. Encarar os meus próprios fantasmas. Ditar o meu próprio rumo. Ainda que qualquer um enxergue que é o caminho errado. Tatuar na testa a seta do tempo. Dar direção às coisas. Fazer a terra rodar ao contrário. Causar meus próprios acidentes. E nunca, nunca mais esperar pelos acidentes dos outros.
e depois de tudo isso, com ossos quebrados, reputação manchada, cheiro de esgoto e ficha na polícia, por fim criar coragem de encarar a pior das perguntas: por que caralho eu não fiz tudo isso antes?