sábado, abril 21, 2012

correnteza no ar

ok, tô chegando atrasado pra anunciar o que já foi divulgado via facebook, twitter e até no jornal. Mas é que o blog, esse meio de comunicação já meio retrô, já passou a ter esse tempo meio reflexivo. Correnteza e Escombros já está online na íntegra desde o início da semana em http://www.olavoamaral.com.br, com toda uma interface que permite ao texto receber comentários, links, imagens ou vídeos, como se fossem alfinetinhos virtuais num mapa.
como o site de certa forma fala por si, muito pouco me resta pra dizer por aqui. Mas queria elaborar só um pouquinho mais sobre as razões que me levaram a colocar o livro online (o que, pro meu estranhamento, ainda causa um certo espanto em pleno 2012).
(a) o livro teve financiamento público, logo deve ser disponibilizado ao público. O que deveria ser um conceito óbvio, mas por incrível que pareça continua não sendo. Sempre me deixou abismado o fato de que longa-metragens brasileiros custam milhões de reais ao contribuinte, por meio de financiamento direto ou renúncia fiscal, e depois passam em duas ou três salas em São Paulo e Rio de Janeiro por uma ou duas semanas, sequer saem em DVD e ficam inacessíveis a 99% do público que pagou pelo filme. E o pior de tudo é que todo mundo parece achar isso normal. Ainda que seja mais ou menos como pagar um pedreiro pra construir uma casa e depois descobrir que a casa pertence ao pedreiro.
(b) tenho a nítida convicção que o que se ganha em termos de divulgação com uma ação dessas é infinitamente mais do que o eventual livro que se deixa de vender porque a pessoa leu online. Acho que poucas pessoas ainda deixariam de comprar um livro a 25 reais porque ele pode ser lido no computador. E o universo de pessoas que podem ter acesso ao seu trabalho se ele estiver online aumenta exponencialmente. É claro que esse momento não vai durar pra sempre - uma vez que o ebook se estabelecer como formato padrão, o que não deve demorar, essa lógica vai pras cucuias (e talvez o mercado editorial também). Mas por ora, se o único cara que ganha dinheiro de verdade vendendo livros nesse país pirateia os próprios livros, quem sou eu pra dizer que é mau negócio?
(c) tendo escrito o livro, eu queria me divertir um pouco. E se divertir, pra um escritor, significa em última análise ver a obra evoluir independentemente de si mesmo. Desde que entrei no Facebook, o que mais me fascinou no conceito sempre foi o fato de que o meu perfil por lá cresceu completamente alheio à minha vontade. Nunca postei uma foto minha por lá, mas o meu perfil já tem 122 por conta dos tags alheios. Afora o fato de que pessoas preencheram por mim a cidade onde eu vivo, o colégio e faculdade onde estudei, o lugar onde eu trabalho, os membros da minha família, e inclusive alguns dos meus gostos (eu só tive o trabalho de aprovar). Então achei que seria legal se o meu livro crescesse dessa forma também. Me surpreendendo todos os dias sem me dar trabalho, como um filho criança que eu não precisasse sustentar. Enquanto eu faço algo um pouco mais útil, como deitar na rede e olhar pro mundo. E pra ele.
e por ora era isso. Ainda que eu espero que venha a descobrir muitas outras boas razões pra justificar a empreitada. Aguardo a ajuda de vocês pra isso.

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