terça-feira, fevereiro 14, 2006

Comece você também sua guerra nuclear

o mundo é um lugar estranho. Eu volto duns dez dias de férias no meio do mato e parece que ele tá prestes a explodir por causa dumas tirinhas (relativamente sem graça, diga-se de passagem) de obscuros cartunistas amadores dinamarqueses. Em todo caso, isso vem bem a calhar pra satisfazer a minha fixação "Jogos de Guerra" de ser capaz de começar a minha própria guerra nuclear. Pra levar a minha campanha adiante, vou começar reproduzindo (de forma não autorizada, mas mais do que merecida) umas tirinhas antigas do "Deus" do gênio Laerte, aliás um dos pontos altos da quadrinhística de todos os tempos. Tipo por exemplo...


ou então...

... pra que, se eu der sorte, algum republicano débil-mental pegue raiva e resolva jogar míssil na gente também.

Aliás, agora falando sério, é sempre bom pensar que essas tirinhas saem no jornal há anos e o máximo que se fez a respeito foi recortar e guardar na carteira pra mostrar pros amigos, que nem eu fazia. Só pra lembrar aqueles que dizem que o Brasil é o fim da picada que o fim do fundo do buraco é muito, mas muito, mais embaixo. Num país onde ninguém tem saco pra ser fundamentalista, quando tudo for por água abaixo, a gente pelo menos vai ter senso de humor. Isso é um puta elogio.

E, mais sério ainda, que o Kofi-Annan , o dono do France Soir e todos os outros contemporizadores que vieram com um papo de que "a liberdade de expressão tem seus limites" (e assim tentaram dar alguma razão pros lunáticos de turbante que estão guinchando por causa da história) se dirijam tranqüila e calmamente pra puta que os pariu. Sério, é óbvio e evidente que os pobres dinamarqueses não deviam ter feito isso pelo mesmo motivo que eu não saio no parque aqui nos fundos de casa às três da manhã (ou seja, porque o mundo não é um moranguinho). Mas que eles tem plenos direitos de estampar o Bush comendo o cu de Maomé na capa (assim como eu tenho direito de ter o meu próprio comido se for dar uma volta no parque) é algo que não deveria sequer entrar em discussão. É verdade, vá lá, que o cu de muita gente pode ser comido por causa de uma rateada dessas. Mas isso é motivo pra puxar a orelha dos caras em particular, não pra abrir as pernas em público pra ameaças de religiosopatas do outro lado do planeta. Porque, porra, se a gente for deixar o Irã ditar o que a gente pode ou não pode falar do mundo, a gente tá total e definitivamente fodido.

(aliás, é engraçado me dar conta que eu me sinto muito mais lesado e ameaçado por um troço desses do que pelo world trade center explodindo. Porque atentado terrorista, por pior que a coisa fique, continua sendo um acidente estatístico infeliz se um dia acontecer comigo. Mas escrever merda no computador é o meu dia-a-dia. E espalhar censura e medo é muito mais fácil do que espalhar explosivos)

Ah, quer fazer alguma coisa a respeito? Toma uma Carlsberg pelos caras. Pra mais informações, entre aqui. Nem que seja só pra demonstrar que o melhor jeito racional de reagir a uma crise ridícula dessas é tomando cerveja.

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