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o que você faz?
(a) diz “que ótimo, meu bem, você leu os meus pensamentos. Vou aproveitar que você já fez o café pra ir botando os talheres na mesa e dando uma limpada na cozinha, OK?”
(b) suspira algo como “caralho, eu te amo” e enche ela de beijos no pescoço, aproveitando que ela está ocupada com os pratos pra dar uma esfregada básica naquele corpo indefeso inclinado sobre a pia da cozinha.
(c) pensa “senhor, eu não mereço tanto” e volta sorrateiramente para o quarto, deitando novamente pra esperar que ela lhe traga o café na cama enquanto você finge dormir e não saber de nada do que está acontecendo.
(d) precipita-se pra dentro da cozinha, abrindo à geladeira às pressas, apanhando a comida e disputando espaço na pia pra fazer o mesmo café da manhã que ela já está fazendo, simplesmente pra terminar antes dela e ter o mérito de colocá-lo na mesa antes. E fica frustrado por semanas ou meses a fio se ela por acaso conseguir servi-lo primeiro.
sinceramente, não importa muito se você simpatiza com a alternativa “a”, “b” ou “c”. O que importa é que é imensamente provável que você (assim como qualquer pessoa minimamente normal) tenha imediatamente relacionado a alternativa “d” a algum grau de psicose em estágio avançado. Certo?
ok.
agora transfira a cena pra um laboratório de pesquisa, em que você tem uma ideia que lhe parece boa, está começando a trabalhar nela, e aí subitamente fica sabendo que alguém em algum lugar do mundo está trabalhando exatamente na mesma coisa que você estava pensando em fazer, e tentando encontrar os mesmos resultados que você esperava encontrar para publicá-los.
o que você faz?
não vou enumerar as alternativas. Mas da próxima vez que você disser que faz ciência (ou seja o que for que você faz) pra fazer uma contribuição para a humanidade, e não pelos seus próprios interesses, pelo menos pense nisso.