terça-feira, novembro 29, 2005

teenage wasteland

as constelações já não são bem mais as mesmas que costumavam ser. Nem mesmo na hora das baladas em show de estádio. E onde se antes se viam os isqueirinhos flamejando em uníssono por todos os lados, hoje neguinho olha em volta e vê uma mistura de flash de câmera digital, luz de celular, display de LCD e mil outras bugigangas idiotas num multicolorido de verdes e vermelhos. E até mesmo um que outro ocasional isqueiro perdido na multidão, prestes a ser derrotado definitivamente pelo ministério da saúde. E mesmo que me irrite deveras essa mania de tirar foto e filmar qualquer merda que acontece no palco, símbolo da tendência irrevocável de niponização do mundo, é curioso que meia hora depois alguém esteja colocando o show inteiro no soulseek, ao mesmo tempo transformando um momento único em bem descartável e democratizando o acesso a quem não tem 90 pilas pra pagar pelo ingresso. E mais curioso ainda é que no palco tá o eddie vedder com cara de alcóolatra que mora em trailer num filme americano, personagem perdido de uma época em que eu gravava clipe da émtivi no vídeocassete pra assistir depois. E ex-paladino que brigava com o Ticketmaster em sua época de glória pra baixar o preço dos ingressos, até o momento em que se deu conta que já não era tão popular pra poder cagar pra mídia e resolveu ceder à pressão de fazer turnê no Brasil a preços extorsivos. Mas é exatamente nessas horas que eu dou plena razão pro cara, eu acho. Porque as constelações mudam muito mais rápido do que a gente consegue entender, se eu olhar pra trás agora tem um neguinho me fotografando com um celular atrás de um arbusto, e lutar contra o fluxo parece fútil. Então, se a gente não pode mudar o mundo, talvez o que dê pra fazer seja cantar. Ou, quando não se tem cacife pra subir no palco, pelo menos comprar o ingresso de cambista a 20 pilas menos do que na bilheteria.

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