quarta-feira, julho 19, 2006

fugindo de babel


pros que insistem em martelar que tudo já foi dito:
a) é verdade. E se nem tudo foi dito (como argumenta o Toni no seu egomaníaco e freqüentemente brilhante "Entre"), certamente tudo pode ser formado por análise combinatória, como na Biblioteca de Babel e portanto já existe, em tese, no universo das combinações possíveis.
b) não importa. Porque a arte está no que se escolhe, e não no que se cria. E num universo de absoluto excesso de palavras, informações e opções, a única criatividade possível, na arte e na vida, é o saber cortar. E guardar apenas o que parece merecer ser dito.
c) eu tenho certeza que alguém já disse isso antes. Talvez o próprio Borges (atribuir coisas ao Borges sempre é bom negócio, como diria a autora daquele texto piegas pendurado em metade das repartições públicas do mundo). Ou então a minha própria namorada, de um outro jeito, num prefácio perdido na biblioteca da UFRGS.
d) mas também não importa. O que importa é que hoje de noite, escolher isso (ou o que quer que fosse) pra escrever é a resposta possível ao infinito. Que, no fim das contas, é tão desprovido de sentido quanto o vazio. Até que se comece a abdicar da maior parte dele.

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