depois de uns seis meses de resistência, finalmente acabei entrando no twitter. Na verdade não entrei, fui cadastrado quase à força por outrem depois de algumas cervejas. Mas enfim, dá na mesma.
em todo caso (e ainda que talvez tenha pego a onda já na fase de virar espuma), confesso que até simpatizei. Fundamentalmente pela exigência de brevidade. Não sou nenhum acadêmico da área, mas me parece que o twitter é o primeiro grande hit da era da informática que se define por uma negativa. Ele não se baseia em nenhum avanço tecnológico, senão no absoluto retrocesso: não dá pra fazer nada nele, exceto escrever os tais 140 caracteres. E eu confesso que aceito o paradoxo com alívio.
porque deve ser algo sintomático que, como história midiática do momento, a ascensão do twitter suceda a decadência do second life, uma rede social em que se podia andar, vestir-se, falar, trabalhar, ganhar dinheiro, ir no cinema, construir casas, trepar com prostitutas e deus sabe o que mais (eu não sei, porque no meu laptop antigo o troço sempre dava pau). E isso talvez seja o primeiro indício que pelo menos a geração mais adulta já não dá conta da oferta de opções e informação. E dá boas vindas às restrições pela porta da frente, porque a única maneira de ir em frente é resumir.
e não me surpreenderia em nada se o próximo hit da internet fosse um flickr de uma foto só, ou algo do gênero (aliás, só não é, porque isso já existe: é a foto que se põe no msn). Afinal, um monte de gente tem saco pra botar um álbum de fotos inteiros no orkut ou no facebook, mas ninguém tem mais tempo ou paciência pra olhar mais que isso. O paradoxo de Kalakow reina supremo.
claro, a julgar pelo número de gente seguindo centenas de pessoas no twitter, eu posso muito possivelmente estar errado, porque por puro efeito de massa ele também acaba se tornando um excesso de informação inapreensível, algo como um zapping anencéfalo por centenas de canais que não te interessam na TV a cabo. Mas pelo menos o proof of principle de que menos tecnologia de vez em quando pode ser uma grande idéia está dado. E se a moda de que “não precisamos de mais” pegar, talvez isso abra alguma avenida interessante pro mundo. Ainda acho que a gente anda muito longe do dia em que todo mundo que hoje olha pra frente vá começar a olhar pros lados. Mas talvez o twitter seja um passinho pra frente. Digo, pra trás.
Um comentário:
backwards!
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