San Cristóbal de las Casas exala sincretismo por todos os poros. Na frente da igreja, jovens bichos-grilos estilo acampamento do fórum social mundial vendem documentários produzidos em Hollywood em DVDs pirateados, dizendo que usam o dinheiro pra sustentar brigadas de alfabetização em povoados pobres de Chiapas. Cafés zapatista-chic dirigidos por europeus servem café orgânico pra seus clientes ficarem acordados enquanto surfam na internet sem fio em seus laptops, cercados por retratos do subcomandante Marcos e lojas de artesanato de indígenas simpatizantes. Bares com nomes tipo “Revolution Café” com bandeiras de Cuba nas paredes expõe menus nitidamente inspirados no McDonald’s em suas portas, anunciando pratos como a “Baguete Viva Villa” e outros. E assim por diante.
mas em termos de sincretismo pós-moderno, nada, absolutamente nada, pode superar o momento em que se entra na igreja central de San Juan Chamula. Sentados no chão sobre ramos de pinheiro, índios Tzotzil cantam rezas estranhas em um dialeto maia, enquanto curandeiros passam galinhas pretas sobre os corpos dos doentes. Milhares de velas acesas e uma melodia melancólica e repetitiva tocada por músicos vestidos com um traje de lã preta lembrando um disfarce de urubu dão um ar surreal à cena. Santos católicos vestidos com roupas vagamente carnavalescas adornam as paredes, com São João Batista acima de Jesus Cristo no altar. E, como não poderia deixar de ser, tudo é regado a centenas de garrafas de Coca-Cola, Pepsi e Fanta Laranja espalhadas por todos os lados. Supostamente pra ajudarem os fiéis a arrotarem os maus espíritos. Não, eu também não teria acreditado se não estivesse lá.
amo muito tudo isso.
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