domingo, março 26, 2006

Triste fim de um epidemiologista

(NY Times, 21/3/06)
"Richard K. Root, a prominent American epidemiologist and medical educator, was reported killed on Sunday when a crocodile pulled him into a river while he was on a guided safari tour in Botswana, in southern Africa. He was 68 and lived in Seattle.
Dr. Harvey M. Friedman, chief of infectious diseases and director of the visiting program at the University of Pennsylvania, announced the death yesterday. Citing reports from the scene, Dr. Friedman said Dr. Root was riding in a canoe in the Tuli Nature Reserve, on the eastern border with Zimbabwe, when he was attacked by the crocodile. His wife, Rita, was in another canoe behind and witnessed the attack, Dr. Friedman said."


Definitivamente algo com que um epidemiologista não contaria. O acaso sempre vence no final.

sábado, março 25, 2006

domingo, março 19, 2006

presbiopia


e se eu quero reavivar o meu amor de olhos cansados de vez em quando ponho óculos de perto, ou então afasto os meus olhos e te seguro à distância que nem meu avô segura um documento de letras miúdas, e com as mãos nos teus ombros e os braços esticados dou um passo atrás, ou então me escondo, me enfio num buraco, atravesso um oceano e sumo de vista só pra voltar pra casa às escondidas e um dia qualquer depois de dias ou meses te ver entrar pela porta com os óculos na cara e rir, com a escova de dente enterrada na boca, presbiopia, dizes, e eu respondo eu sei bobona, olha as minhas lentes de contato, mas tu já me abraças sem nem reparar e eu deixo assim, então, e mantenho velado esse jogo de espelhos que eu construo sem que percebas, pra manter o desejo nesse efêmero equilíbrio, precariamente apoiado na ponta de um telescópio virado às avessas pra te deixar na distância certa, perto pra sempre mas fora de mim.

bela desculpa pra um surto egomaníaco

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(não sei por que raios esse blog tende a desaparecer do google dia sim dia não, então achei que de repente isso podia ajudar. Além do que é sempre bom pra auto-estima escrever o próprio nome um montão de vezes)

sexta-feira, março 10, 2006

sobre a higiene do cu de joão pedro stédile

"Em entrevista a rádio CBN [...], ao justificar a depredação da Aracruz, Stédile perguntou aos participantes se "alguém já comeu eucalipto, alguém já comeu papel?"
Olha, eu não, mas me pergunto como é que ele limpa a bunda.

(aliás, sem querer me meter, mas uma cultura em que papel é visto como um inimigo é um troço no mínimo ilustrativo. E bem perto do fim da picada).

quarta-feira, março 08, 2006

pra quem acha que as revistas femininas são decisivas na infelicidade das mulheres

vocês já-mais estiveram tão certos. E o diagramador só pode estar brincando.




















Do arquivo do autor ("Revista Nova", Rio, Fevereiro 2006)

sexta-feira, março 03, 2006

soy loco por mensagens subliminares em línguas estrangeiras

Na Forbes, e em mais meia imprensa americana:
"Winner Vila Isabel's parade calling for unity among the people of Latin America, titled "I'm Mad About You America," was sponsored largely by the Venezuelan government oil company Petroleos de Venezuela SA. "
Tá explicado...vai ver o Hugo Chávez leu o folder de patrocínio em inglês.

quarta-feira, março 01, 2006

primeiro de março


e se fevereiro não morresse?
e se ao acordar só se sentisse uma persistência esquisita
(não se morre sem deixar marcas)
sujeira nas ruas, michês desorientados, mendigos sem braço
as grades fechadas dos shows de striptease, a câimbra, a dor do lado esquerdo da testa, a
congestão no nariz
a desordem no quarto, as roupas no chão, a pilha de moedas de cinco centavos em cima da mesa
os restos de samba em reprise na televisão do vizinho
e a mesma porra de insuficiência correndo nas entranhas
só um pouco mais aberta, jorrando mais livre, e quase nada mais cansada
a fome saciada em espasmos, mordidas sôfregas de pé no balcão
insuficientes
e se ao sair na rua fevereiro ainda te olhasse na cara
rindo alto por cima das cortinas fechadas dos prédios
e ao invés das cinzas viesse só um outro dia de sol atordoante
esquartejando a persiana e te impedindo de dormir
nesse lastro de tempo em que ainda é cedo pra madrugar
fevereiro passa, te atropela e vai embora
e no outro dia a vida segue estourando nos tímpanos e nas veias sem descanso
a falta ainda escorre pelas axilas
o calor continua atroz
alguém disse que março tem águas
eu não espero














(Rio, 4ª feira de cinzas, respondendo canhestro a um poema do Ferreira Gullar que uma amiga minha catou em algum canto esses dias)


todo mundo tem um artista dentro de si

já dizia a Luciana Gimenez.